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segunda-feira, 26 de março de 2012

MOTOCICLETA, UM RISCO PARA A VIDA

Por Eduardo Girão
É indiscutível a descoberta da motocicleta como um dos meios de transporte mais procurados pelos brasileiros, sobretudo da classe C. Motivos não faltam para a alta demanda: baixo custo de aquisição e despesas moderadas com sua manutenção. Para ter uma ideia, a indústria brasileira produziu no ano passado 2.137.417 motocicletas, volume 16,8% superior ao registrado no ano anterior. Os dados foram divulgados pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) e preveem que, para 2012, o mercado deva continuar aquecido, mesmo diante da crise europeia. São números que impressionam e justificam o posicionamento do Brasil como quinto maior produtor mundial de motocicletas. Caso a economia brasileira permaneça em crescimento com desemprego em baixo, inflação controlada e queda das taxas de juros, o mercado de motocicletas tende a continuar em alta.
Por outro lado, o aumento do número de acidentes envolvendo motocicletas vem pressionando a sociedade civil a discutir medidas que possibilitem diminuir a violência no trânsito. No Ceará, nos últimos nove anos, o número de atendimentos de vítimas de acidentes de moto no Instituto José Frota aumentou quase 1000%. Somente em 2011, 7985 pessoas sofreram acidentes com motos. Em 72% dos casos, o acidentado apresenta invalidez permanente. Na tentativa de diminuir os índices - mesmo de forma tímida, novas leis estão sendo tramitadas no Congresso Nacional e também nas Assembleias Legislativas e Câmeras Municipais. Proibir motociclistas de pilotarem entre os carros (nos corredor) é uma das leis que poderão entrar em vigor brevemente no País. Em São Paulo, a Prefeitura instituiu um Kit Obrigatório (capacete, luvas, botas, etc.) para uso nas ruas e avenidas da cidade. A saída foi elogiada por quem entende do assunto. Outras medidas paliativas também estão sendo adotadas nas demais capitais.
A falta de empenho das autoridades em resolver os problemas do trânsito não diminui a sede de consumo dos brasileiros. Segundo a Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, o IPEA e o Instituto Ipsos, 20 milhões de pessoas melhoraram seu poder aquisitivo e somaram-se à parcela que hoje representa metade da população brasileira. A verdadeira classe média ganha em média R$ 2.600,00 e na grande maioria dos casos estudou a vida toda em escola pública. O perfil é um indicativo que as mudanças podem se transformar em boas oportunidades de ganho para as montadoras. Apesar da lucratividade, o setor também está sendo alvo constante de críticas por investir pouco em segurança e promover poucas campanhas de responsabilidade social. O dever é de todos.
Ficou claro que o estilo de vida do brasileiro mudou (as mulheres conquistaram o mercado de trabalho, o Nordeste deixou de ser um entrave e agora chama a atenção do restante do país, etc.), mas a violência no trânsito continua a assombrar os cidadãos. Motoristas, pilotos, ciclistas ou pedestres, não importa, a sociedade espera que seus representantes estejam mais bem preparados para agilizar as reais mudanças sociais, ambientais e econômicas que todos necessitam, que saibam empregar bem o dinheiro público.

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