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terça-feira, 2 de agosto de 2011

VÍDEOS PRODUZIDOS PELA TRIBO KUIKURO É UM EXEMPLO A SER SEGUIDO PELAS ESCOLAS


Por Eduardo Girão

O vídeo produzido pela tribo Kuikuro mostra a preocupação da tribo em manter a tradição e as origens mesmo diante de tantas influências externas. As novas gerações são cada vez mais influenciadas pela mídia (cultura de massa e indústria do consumo). Hoje já se pode encontrar nas aldeias índios de estilos e comportamentos típicos do “homem branco”. Por incrível que pareça, existe índio emo, roqueiro etc. Então, o que fazer para não perder os ensinamentos repassados de geração a geração sem deixar de lado os avanços do mundo contemporâneo.
A tribo Kuikuro, do Alto Xingu, aproveitou o interesse dos mais jovens pela tecnologia e passou a utilizá-la em benefício próprio de forma inteligente. Para manter viva as raízes, os índios realizam documentários e filmes contando as histórias e lendas do povo. Os vídeos são produzidos, dirigidos e exibidos pelos próprios habitantes da aldeia – uma maneira de salvaguardar a cultura e divulgá-la para as futuras gerações.
O interessante é que os entrevistados são os próprios moradores que tem a oportunidade de se verem nas telas não só nas da tribo Kuikuro como também nas de festivais de cinema espalhados pelo mundo. Os documentários passaram a ser um importante instrumento de comunicação realizados de dentro da aldeia e não por forasteiros como era de costume.
Os vídeos produzidos pela tribo podem ser caracterizados como um projeto que articula currículo, tecnologia e cultura, porque os realizadores trabalham interligando e ressaltando os três itens: conhecimento curricular aprendido na sala de aula, conhecimento popular adquirido no cotidiano da aldeia e conhecimento tecnológico.
Com a produção dos vídeos, os jovens da aldeia se identificaram mais com as danças e cantos indígenas, favorecendo o diálogo entre diferentes gerações. Além disso, a câmera ainda ajuda a denunciar os problemas como invasões de terra etc. Agora, a tribo Kuikuro fazem parte do contexto global sem perder as raízes culturais.
Os índios constroem conhecimento em conjunto, onde todos tem oportunidade de se expressar e colaborar. Dessa maneira há um ganho nas questões que envolvem responsabilidade social, cidadania, autonomia, desenvolvimento das habilidades individuais e amadurecimento.
A escola de hoje deve ter como exemplo a experiência vivida na tribo Kuikuro ouvindo mais os alunos, melhorando a forma como eles são avaliados, aperfeiçoando o currículo escolar de acordo com os novos anseios da vida moderna, não colocando em terceiro plano o uso das tecnologias em sala de aula, valorizando os professores (mais tempo para estudar, um salário mais condizente com a responsabilidade que o cargo exige) são alguns passos que não podem ser deixados de lado.
O processo de aprendizado do aluno deveria ser marcado por inclusão e diálogo. A escola é mais do que uma sala de aula, é um espaço de convívio onde o conhecimento deve se alinhar à busca da cidadania, da diversidade de expressão e das múltiplas possibilidades culturais. Seria um bom começo para a flexibilização curricular estimular os estudantes a serem independentes vida afora, a construir leituras próprias do mundo; só assim, se tornarão adultos cientes de seu valor individual para com o coletivo.
Uma relação amistosa entre alunos e professores, sem sentença de reprovação é um passo importante rumo ao aprendizado. Afinal, todos são capazes de aprender.

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